quarta-feira, 16 de outubro de 2013

aguapés e a poluição

olá... hoje o nosso tema é sobre aguapés e sua aplicação como despoluidores.

A planta aquática conhecida como aguapé (Eichornia crassipes) é o que poderíamos chamar de "vegetal-água": 95% da planta corresponde à água. Esta planta possui raízes longas, (podem medir até um metro), rizomas, estolões, pecíolos, folhas e inflorescências. A parte que fica fora d´água, podendo atingir uma altura que varia desde alguns centímetros até um 1metro.

Fig 1- aguapé

O aguapé se apresenta suspenso, flutuando livremente, enroscado em obstáculos, preso ao solo em locais de água rasa e até enraizado em áreas consideradas secas. A planta possui uma grande quantidade de pecíolos cheios de cavidades de ar - isso explica o enorme poder de flutuar. A reprodução dos aguapés ocorre por meio de sementes e por brotações laterais - novas plantas são produzidas por estolões e o seu crescimento lateral ocorre a partir do rizoma.
O aguapé serve de abrigo natural a organismos de vários tamanhos e aspectos, servindo de habitat para uma fauna bastante rica, desde microrganismos, moluscos, insetos, peixes, anfíbios e répteis até aves. Quando largado nas águas, sem uso, o aguapé chega a prejudicar a navegabilidade dos rios, causando até problemas em reservatórios de usinas hidrelétricas em razão de sua rápida proliferação. Entretanto, quando bem aproveitada esta planta pode trazer benefícios incríveis. Uma das principais vantagens do aguapé é que ele é um filtro natural, pois apresenta a capacidade de incorporar em seus tecidos uma grande quantidade de nutrientes.
Assim, se um lago ou um reservatório estiverem poluídos, coloca-se o aguapé: suas raízes longas e finas, com uma enorme quantidade de bactérias e fungos, atuam sobre as moléculas tóxicas, quebrando sua estrutura e permitindo que a planta assimile estes componentes tóxicos. O único cuidado é vigiar de perto seu crescimento vigoroso para mantê-lo sempre sob controle. Não se aconselha, entretanto, a utilização e presença de aguapés em lagos extensos, em represas com possíveis remansos ou mesmo em tanques de dimensões maiores, pelas dificuldades de remoção e controle.(http://www.jardimdeflores.com.br/CURIOSIDADES/A24aguap%C3%A9.htm)

Esta não é uma prática tão nova, em 1991 a revista Super Interessante já tinha publicado uma nota sobre o tema. Confira no link http://super.abril.com.br/ecologia/aguapes-limpar-rio-439852.shtml.
Fig.2- aguapés como tratamento para efluentes

Atualmente a ciência se dedica a estudar essa prática. Confira o resumo do trabalho intutulado “Plantas Aquáticas: Adsorventes Naturais para a Melhoria da Qualidade das Águas”:
A presente pesquisa objetiva o aproveitamento da biomassa seca de plantas aquáticas como adsorventes naturais para o controle da poluição da água. Entre outras, as espécies Eichhornia crassipes (Mart.) Solms, a Pistia stratiotes, a Salvinia sp. e o Potamogeton sp são encontradas em diferentes locais do Brasil. Quando o meio aquático em que vivem é rico em nutrientes (nitrogênio e fósforo), apresentam uma fantástica capacidade de reprodução. Nessas situações, são consideradas infestantes e nocivas, pois obstruem rios, lagos e represas, impedindo a navegação e alterando o ecossistema aquático. Entretanto, descobriu-se que, após a coleta e secagem, a biomassa adsorve metais pesados, óleos e outros compostos orgânicos a baixo custo e eficiência superior que muitos materiais importados empregados comercialmente. Em 10 anos de pesquisa, formaram-se recursos humanos na área ambiental e desenvolveu-se uma tecnologia nacional para o controle da poluição hídrica através do uso dessas plantas aquáticas. Estudos em laboratório foram realizados com o intuito de entender os mecanismos de adsorção e dominar os fundamentos do processo. Conduziram-se atividades de campo para demonstrar a eficiência dos processos no tratamento de efluentes industriais. Paralelamente, desenvolveram-se trabalhos de viabilidade econômica para a produção comercial do biossorvente no mercado nacional. Atualmente, uma pequena empresa de produção está estabelecida, gerando empregos e colocando no mercado um material competitivo aos adsorventes importados. Assim, a biomassa seca de plantas aquáticas hoje é uma excelente alternativa para o controle da poluição hídrica em águas superficiais, melhorando substancialmente a qualidade da água, nossa fonte de vida.
Disponível em: http://www.ufrgs.br/ltm/attachments/115_Ivo-Trabalho1.pdf

confira um modelo para a construção de um sistema de tratamento:

fig 3- modelo para construção de uma unidade de tratamento. 


  • temas que podem ser abordados junto a este na sua aula:

- agentes poluidores
- que tipo de parênquima o aguapé possui que confere a ele características tão singulares.
- procurar exemplos de experimentos realizados nesta área. 
- investigar se é possível aplicar esta metodologia em alguma área poluída de sua cidade.
- entrevistar um servidor do órgão ambiental responsável pela sua região e questionar se a instituição conhece esta prática sustentável. 


espero que gostem!

abração,
Amanda

Etileno e auxina- a fisiologia vegetal na sua casa


Olá pessoal. Hoje o nosso tema é sobre hormônios vegetais. A auxina e o etileno são hormônios muito próximos do nosso dia-a-dia. A auxina participa do processo da poda e o etileno no amadurecimento de frutas.

Veja como cada um funciona:

ETILENO
 O etileno, também conhecido como “hormônio do amadurecimento”, é o único regulador vegetal gasoso, que apresenta atividade biológica em concentrações bastante reduzidas.

            Além do controle do amadurecimento das frutas, o etileno provoca alterações de sexo em flores de cucurbitáceas; promoção da floração em abacaxi; dormência de sementes, gemas, esporos, pólen, expansão de órgãos, epinastia, senescência de folhas e flores, abscisão, entre outros.
            O etileno é produzido por todas as partes da planta, em quantidades variáveis com o tecido e com o estádio de desenvolvimento. Tais quantidades podem ser aumentadas por ferimentos, durante a senescência e a abscisão de tecidos foliares e florais. 
            O etileno é sintetizado no vacúolo e a sua movimentação pode se dar por difusão na fase gasosa dos espaços intercelulares dos tecidos ou através do floema e do xilema.
Fig 1. frutas


Em casa, muitas vezes mantemos as frutas dentro dos sacos plástico ou enroladas em jornais, estas são práticas que diminuem a vida útil da sua fruta. Muitas vezes por desconhecermos a ação deste hormônio, tomamos decisões domésticas erradas e saímos no prejuízo.


Figura 2. Amadurecimento da fruta do frasco A com etileno (esquerda) e amadurecimento da fruta do frasco B sem etileno (http://estimulandoanatureza.blogspot.com.br/2011/05/efeito-do-etileno-na-maturacao-dos.html)

AUXINA
Dependendo de sua concentração, as auxinas podem ter diversos efeitos sobre a planta. Ela pode provocar o crescimento do caule, das folhas, das flores, das raízes e dos frutos, como também a abscisão foliar, a dominância apical, a formação de flores femininas, a partenocarpia, entre outras atividades.

 Auxina e a poda
A auxina, quando em altas concentrações no ápice das plantas, inibe o crescimento das gemas laterais, em um fenômeno chamado de dominância apical. Ao retirarmos as gemas apicais, observamos que as gemas laterais saem do estado de dormência, dando origem a novos ramos, flores e frutos. É a partir disso que surgiu a poda das plantas, que consiste no ato de se retirar as gemas apicais para o desenvolvimento das gemas laterais.
A importância da poda varia com a espécie, assim para uma ela é decisiva, enquanto que, para outra, ela é praticamente dispensável. Com relação à importância da poda, as espécies podem ser agrupadas da seguinte maneira:
            a) Decisiva - Videira, pessegueiro, figueira.
            b) Relativa - Pereira, macieira, caquizeiro.
            c) Pouca importância - Citros, abacateiro, nogueira-pecan.

fig 3. poda

As auxinas são responsáveis pela formação de raízes adventícias; estimulam o ovário da planta para que se forme o fruto; e inibem as gemas laterais das plantas (dominância apical). Sobre estas últimas, é válido salientar que, ao podar tais regiões, a ausência ou diminuição das auxinas decorrente deste ato promove o crescimento destas - e é baseado em tal princípio que as podas são recomendadas como forma de promover o crescimento da planta.

etileno e auxina
Outra característica do etileno é a participação na abscisão das folhas, juntamente com as auxinas. A concentração das auxinas nas folhas de plantas diminui no outono, induzindo modificações na chamada zona de abscisão, que passa a produzir etileno. O etileno enfraquece as células a tal ponto que o peso da folha é suficiente para romper sua ligação com o caule, assim a folha se destaca e cai. 

Sugestões para sua aula:
Experimento prático: compare a velocidade do amadurecimento de frutas dentro de sacos plásticos e enroladas em jornais, com frutas sem embalagens.

Bibliografia utilizada:
espero que gostem!

Abração,


Amanda

domingo, 13 de outubro de 2013

nematóides de importância sanitária

Olá pessoal,

Nosso segundo tópico é de interesse zoonótico. Os parasitos estão muito mais próximo do que imaginamos e a falta de conhecimento pode causar impressões erradas. Escolhi um grupo muito importante e de número representativo, os nematóides.
Estima-se que exista um nematóide para cada árvore Angiosperma. E que este seja o grupo de maior diversidade animal, contrariando a opinião de que são os artrópodes. Talvez porque seja um grupo subestimado pois não é estudado. A grande maioria é de vida livre, ou estão associados a vegetais,e embora o grupo parasita seja o de menor número conhecido (por enquanto! os estudos estão aumentando), tem grande importância para a saúde animal.

  • confira alguns exemplos

- ascaridíase:
Fig 1. Ascaris lumbricoides 



Ascaris lumbricoides, conhecido como lombriga. O verme instala-se no intestino delgado e se reproduz.  A fêmea coloca até 200 mil ovos por dia, que são eliminados nas fezes do hospedeiro.
No ambiente,esses ovos contaminam frutas, verduras e legumes e a água e, se ingeridos, abrem-se no intestino liberando larvas que migram até os vasos sanguíneos. Dai vão para o fígado, depois para o coração e seguem para os pulmões. Aí, provocam reação alérgica com tosse e dificuldade respiratória. Depois, perfuram os alvéolos, chegam aos bronquíolos, sobem aos brônquios, traqueia, laringe, faringe e, deglutidas voltam ao intestino, onde transformam-se em vermes adultos.

 Fig 2-ciclo de vida

As medidas preventivas são: eliminar as fezes em locais adequados, lavar bem os alimentos, beber água tratada ou fervida, e lavar bem as mãos antes das refeições.

-ancilostomíase: mais conhecida como amarelão, é causada pelo Ancylostoma duodenale. O animal fixa-se e desenvolve-se no intestino delgado do ser humano e alimenta-se de hemáceas. Os ovos fertilizados são eliminados com as fezes, no ambiente, liberam larvas que entram através da pele, chegam ao sangue e vão aos pulmões, a faringe e ao intestino.
Há tratamento,mas a prevenção mais eficaz dá-se por meio de medidas sanitárias, eliminando as fezes em locais adequados e usando calçados.

Fig 3. formas de Ancylostoma duodenale


-oxiuríase:
Causado pelo Enterobius vermicularis que parasita o intestino grosso, causando inflamação e coceira na região do ânus. Seus ovos contaminam água e hortaliças e, quando ingeridos pelo ser humano, eclodem no intestino delgado, liberando larvas, que migram para o intestino grosso e tornam-se adultas. As fêmeas fecundadas dirigem-se para a região anal, onde colocam os ovos, que são eliminados com as fezes.

Fig 4. Enterobius vermicularis

-elefantíase:
Causado pelo verme Wuchereria bancrofti (conhecido como filaria), que vive interior do mosquito Culex pipiens. O ser humano picado pelo mosquito desenvolve a doença. O verme adulto, em forma de linha, parasita vasos linfáticos, obstruindo-os, provocando intenso inchaço no membro ou órgão parasitado.
A prevenção é feita com combate ao mosquito e utilização de telas e mosquiteiros.
Fig 6. tecido afetado pelo parasito

fig 7. ciclo de vida


Estes são os exemplos clássicos trazidos por livros didáticos. Hoje, há muito mais com o que se preocupar. O costume de comer carne de peixe crua vem se espalhando do Japão para o mundo e com isto os parasitos associados a este tipo de hábito. O problema é que os médicos não estão sendo preparados para este tipo de problema.
O nematoide zoonótico mais comum associado a carne de peixe crua é o Anisakis simplex.
Confira um trecho do artigo que relata esta espécie em carne de bachalhau no estado de São Paulo:
A enfermidade no homem pode se apresentar de duas maneiras distintas: a forma aguda, resultante do efeito local do parasita sobre a parede do tubo digestivo; e a forma alérgica, devido a hipersensibilidade imediata, mediada por IgE. . A primeira geralmente ocorre com a presença de uma única larva no trato digestivo, provocando fenômenos irritativos locais com sintomas como náuseas, vômitos e dor epigástrica que pode ser confundida com apendicite, úlcera, peritonite e enfermidade de Crohn. . Os casos severos são extremamente dolorosos e requerem intervenção cirúrgica para a remoção do nematoide. . A forma alérgica é provocada

pelos antígenos do parasita, ocasionando quadros que podem variar de uma simples urticária a um angiodema, incluindo choque anafilático. Esta parasitose é freqüente no Japão devido ao consumo de sushis e sashimis, também comum na Holanda, na Escandinávia e na costa do Pacífico da América Latina. (PRADO & CAPUANO, 2006).

fig 8 e 9. Regiões do filé onde foram encontrados os vermes




Temas que podem ser abordados junto a este:
  • ·         Higiene humana: como lavar as mãos e os alimentos, etc.
  • ·         Condições sanitárias dos alimentos.
  • ·         Pesquisar e relacionar a incidência destas doenças com as regiões econômicas no mundo.


Bibliografia utilizada:
CHEIDA, Luiz Eduardo. 2003. Biologia integrada: volume único. São Paulo- FTD.
PRADO, SPT & CAPUANO, DM. 2006. Relato de nematóides da família Anisakidae em bacalhau comercializado em Ribeirão Preto, SP. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 39 (6): 580-581.


Para saber mais...
leitura sugerida:

Parasitologia básica- 2ª edição- 2010. David Pereira Neves, Thelma de Filippid. Editora Atheneu. São Paulo.



sábado, 12 de outubro de 2013

postagem 2- comportamento animal: corte e acasalamento

A parte da ciência que estuda o comportamento animal, chama-se Etologia. 
Selecionei a parte de comportamento de Corte e Acasalamento para este tópico de hoje.

Há diversos tipos de corte. Os principais são:

1. dança. 
o pavão e as aves do paraíso são ótimos exemplos de dança para atrair as parceiras,como nos vídeos abaixo.



2. lutas. Os veados brigam por todas as fêmeas do grupo.  O veado vencedor pode acasalar com toda as fêmeas do grupo.


sugiro também este trecho de um documentário da BBC:

3. sons.

os sapos emitem sons para atrair suas fêmeas, o movimento chama-se VOCALIZAÇÃO ou coacho. Para um anuro macho, uma disputa vocal com outro macho é bem mais econômica e menos arriscada do que disputar em um combate físico, seja por territórios ou fêmeas. de acordo com cada coacho as fêmeas percebem como os machos são, e escolhem pelo som, quanto mais alto,mais grave, maior será o macho e será melhor acasalar com um espécime deste tipo. (http://www.brasilescola.com/biologia/anfibios-anuros-seus-coachos.htm)

confira a vocalização:

o acasalamento também recebe um nome especial,chama-se AMPLEXO um tipo de abraço que o macho dá na fêmea:

4.cheiros: alguns exemplos como os leões e as borboletas escolhem seus parceiros através dos cheiros liberados pelas fêmeas.
Já foi observado que, quando o leão ronda o território das fêmeas, ele ocasionalmente para, cheira, ergue a cabeça com o lábio superior curvado para dentro, e depois fecha as narinas e respira fundo pela boca. Ele interceptou um cheiro distante de urina da fêmea, e sua reação é fazer com esse cheiro seja levado ao órgão de Jacobson, localizado no céu da boca, onde é decifrado conforme seu teor de hormônios sexuais. 
Esse comportamento é chamado "reação flehmen", apresentado por um grande número de carnívoros e outros mamíferos. O órgão de Jacobson lhes dá um olfato muito mais aguçado que o do homem, e é uma ferramenta sensorial especialmente útil para farejar uma companheira.
A urina da fêmea leva mensagens "cheirosas", os feromônios, que fornecem informações sobre sua fertilidade. Ao decifrar essas mensagens, o macho pode orientar suas atenções sexuais para onde elas tiverem mais chances de serem correspondidas. ( http://www.ninha.bio.br/biologia/leao.html
 )
5. cores: os pássaros são os animais que mais utilizam as cores para chamar a atenção. 
confira alguns exemplos:




algumas sugestões para esta aula:
* separe em grupos e cada um deve trazer novos exemplos dentro de um tópico (sons, odores, etc).
* pensar e comparar o comportamento animal (com os humanos, inclusive).
* abordar as interações existentes nestes comportamentos. leões e viados lutam pelo domínio das fêmeas e do território,  o que configura competição interespecífica, por exemplo. 


espero que gostem!
abração,
Amanda

postagem 1- apresentação

Oi, pessoal!


 
Meu nome é Amanda Duarte Pimentel, sou bióloga formada pela Universidade Federal do Rio Grande- FURG e hoje faço mestrado em Aquicultura na mesma instituição. Desde 2009 trabalho com Biologia do Parasitismo e Zoologia de Invertebrados. Atualmente também curso a Formação Pedagógica em Biologia na Claretiano- pólo Pelotas e foi através deste curso que este blog surgiu. Ele faz parte das atividades desenvolvidas na disciplina Temas para o ensino de ciências e biologia II, como parte da avaliação. O objetivo é desenvolver temas e abordar novas tecnologias para o ensino de ciências. Com os avanços da tecnologia, o perfil dos alunos mudou e a metodologia de ensino deve se adaptar e aproveitar o que a modernidade proporciona. 

espero que gostem,

abração

Amanda